Você sabe qual a finalidade da ISO 50001 e da implantação do Sistema de Gestão de Energia? Confira neste artigo!
Atualizado em 01.12.2020
O consumo energético se tornou inerente a qualquer setor da economia e o aumento acelerado do insumo fez com que as organizações se preocupassem com o consumo sustentável e a eficiência energética.
Assim, surgiu a necessidade de ser implantado um sistema de gestão de energia para tratar desse assunto.
Relevância do consumo energético
A energia elétrica ainda é uma das maiores criações da humanidade.
Isso porque ela apresenta inúmeras utilidades e pode ser altamente eficiente, principalmente para o consumo humano.
Por outro lado, por usufruir de recursos do meio ambiente, os setores econômicos devem investir no uso sustentável da energia, desde a busca por matérias-primas até o consumo final da energia gerada.
Essa atitude visa a melhoria do desempenho energético, na racionalização dos recursos naturais explorados, na redução do consumo e sua otimização.
Mas com os altos preços vinculados à sua produção em um mercado instável, implantar uma gestão de energia tem sido uma boa solução para o empreendedorismo.
Gestão energética
Os avanços tecnológicos e a constante mudança nas diferentes maneiras de se aproveitar a energia instigam as organizações a possuírem um política voltada ao consumo energético.
Essa política seria por meio da implantação de um sistema de gestão específico para gerar mais valor e consistência energética ao negócio.
A instituição do Sistema de Gestão de Energia (SGE) nas políticas internas estabelece diretrizes sobre:
- Eficiência energética;
- Consumo consciente;
- Produção renovável;
- Redução de gases poluentes;
- e também abrange questões de Saúde e Segurança do Trabalho.
O que é a ISO 50001?
É um sistema de gestão profissionalmente instituído e embasado por uma norma técnica, que é diferente de uma normal legal.
Portanto, ela é voluntariamente adotada pela organização.
No Brasil temos a organização que mais edita padrões, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
E a ISO é a organização internacional que mais edita padrões internacionais. Quando ela elabora alguma norma técnica, esta pode ser distribuída no Brasil pela ABNT.
A ISO 50001 é uma norma vendida pela ABNT.
Foi criada em 2011 para incentivar as empresas a produzir e consumir energia de forma sustentável e eficaz, embasando na implantação e manutenção do SGE.
Essa norma estabelece requisitos que precisam ser atendidos pelas empresas para que se garanta uma melhor performance energética e aumento do consumo sustentável para viabilizar as atividades do negócio.
Ela busca reduzir as emissões dos gases de efeito estufa, bem como a redução do custo de energia e outros impactos ambientais relacionados por meio da gestão sistemática da energia.
O modelo na norma ISO 50001 é fundamentado em outros sistemas de gestão que são utilizados mundialmente, como o modelo ambiental da ISO 14001, de qualidade da ISO 9001 e de SST da OHSAS 18001.
Como implementar a ISO 50001?
A implantação da norma pode ser feita em todos os tipos e tamanhos de empresas, independentemente das condições sazonais, culturais, sociais ou econômicas.
E seu sucesso vai depender apenas do comprometimento de todos os setores das organizações, principalmente da alta direção.
A ISO 50001 identifica os requisitos que precisam estar na Gestão de Energia para que a empresa possa atender a política energética, estabelecendo:
- Objetivos;
- Metas;
- Planos de ação;
- Ações corretivas.
Para atender a todos os requisitos aplicáveis ao seu negócio.
Dessa forma, o primeiro objetivo da norma é orientar a implantação correta do Sistema de Gestão e quais são as etapas que precisam ser seguidas para a operação plena da gestão.
E para facilitar esse processo, é muito comum as empresas adotarem a estrutura do PDCA, o famoso Ciclo “Plan, Do, Check, Act“, traduzido como “Planejar, Fazer, Checar, Agir”.
Estes quatro passos que integram o PDCA vão servir como base para a estruturação do SGE em qualquer tipo de empresa:
Como a ISO 50001 opera nas organizações?
A ISO 50001 nasceu em 2011, então já é considerada de certa forma como “moderna”, pois já existiam outros modelos de gestão nesta época.
A ISO 14001 e ISO 9001 são exemplos da década de 90 que passaram por modificações e atualizações.
Assim, a norma de SGE já foi criada levando tais mudanças em consideração.
A ISO percebeu que não bastava executar bem as atividades para depois pensar o que tinha que ser corrigido, pois esse método gerava retrabalho.
A partir de então, ela focou mais no P (Plan) do Ciclo PDCA.
Quanto mais você consegue planejar, detalhar o que você busca e como vai fazer isso, menores são as chances de ocorrer falhas.
E isso faz com que oportunidades de melhorias cresçam.
Enfim, a ISO 50001 é complexa tecnicamente, porque ela não aborda estimativas e sim medições exatas, quantificadas.
A norma de SGE desenvolve uma política para induzir o uso mais consciente e eficiente da energia, como falado anteriormente.
E para isso, ela fixa metas para atender os objetivos, Utiliza dados internos e externos para levar a uma melhor compreensão sobre o uso de energia, mede resultados e melhora a operação do sistema de gestão.
Aplicando o Ciclo PDCA na empresa
- Planejar: executar a revisão energética e estabelecer a linha de base, indicadores de desempenho energético (IDEs), objetivos, metas e planos de ação necessários para obter resultados que vão otimizar o desempenho energético em conformidade com a política energética da organização;
- Fazer: implementar os planos de ação da gestão de energia;
- Verificar: monitorar e medir processos de operações que determinam o desempenho energético em relação à política e objetivos específicos, e divulgar resultados documentados;
- Agir: tomar ações para melhorar continuamente o desempenho energético e o SGE.
Vantagens de certificar na ISO 50001
Ter um SGE implantado e operando corretamente já é um ponto muito positivo para a empresa, tanto economicamente, quanto em relação à imagem dela no mercado.
Isso porque a gestão adequada:
- Reduz os gatos;
- Torna a utilização da energia mais eficiente e segura;
- Reduz a emissão de poluentes;
- Potencializa a imagem da empresa.
Além disso, para que as empresas tenham um certificado, precisam passar por uma auditoria geral externa.
A auditoria confere se a organização está seguindo as diretrizes passadas pela norma ISO 5001 e verifica se as seguintes etapas estão sendo obedecidas:
- Implantação do Sistema de Gestão de Energia e seu pleno funcionamento;
- Documentação e arquivação de todas as informações referentes ao SGE;
- Redução da emissão de gases poluentes.
- Revisão e melhoria do sistema de gestão.
E apesar da ISO 50001 ser aplicável e recomendada a qualquer tipo de empresa, ela é mais almejada por aquelas que possuem alto índice de energia ou emissão de gases poluentes.
E quais são os principais objetivos da certificação na ISO 50001?
- Estabelecer uso e produção mais adequada de energia;
- Estabelecer uma comunicação corporativa mais transparente sobre os recursos energéticos da empresa;
- Integrar outros sistemas de gestão da organização, como o ambiental, de SST etc;
- Priorizar o investimento de novas tecnologias para otimizar o uso da energia.
Obs.: Assim como outras normas de Sistema de Gestão, como a ISO 14001, ISO 45001, a certificação na ISO 50001 não é obrigatória, mas extremamente indicada.
Benefícios do SGE
Para a indústria:
- Redução de gastos;
- Aumento da competitividade;
- Aumento da produtividade;
- Aumento do lucro.
Para os países:
- Redução da importação de energia;
- Aplicação da economia em projetos de melhoria;
- Conservação e valorização de recursos naturais;
- Aumento da segurança energética;
- Diminuição da emissão de gases na atmosfera;
- Criação de um ambiente sustentável.
Gestão de Requisitos Legais na ISO 50001
Cumprir os requisitos legais significa que a empresa está em conformidade e isso a ajuda a não receber multas e demais penalidades.
E para atender a ISO 50001, são especificados requisitos aplicáveis a uso e consumo de energia, o que inclui:
- Medição;
- Documentação e comunicação;
- Aquisição de equipamentos;
- Sistemas e processos.
Portanto, a norma se aplica a todas as variáveis que afetam o desempenho energético e que podem ser monitoradas e influenciadas pelas organizações.
A legislação pode cobrir dispositivos, edifícios, equipamentos industriais, meios de transporte, matriz de energia renovável etc.
Compreendendo esse leque de variedades, podemos citar alguns requisitos relacionados ao uso e consumo de energia:
- Comercialização de uso e emissões;
- Eficiência energética dos processos que impactam o uso, consumo e eficiência energética dos processos;
- Avaliação de conformidade (certificação, etiquetagem, declarações de fornecedor, como o Inmetro) de produtos e serviços críticos para o desempenho energético;
- Diretrizes não regulamentares adotadas pela empresa ou segmento;
- Acordos voluntários e códigos de prática.
Para avaliar e monitorar as obrigações aplicáveis, existem no mercado softwares e ferramentas que realizam a gestão de requisitos legais.
São oferecidos recursos necessários para que a legislação seja identificada, inclusive as diversas atualizações que acontecem constantemente.
Ela deve, ainda, ser constantemente avaliada de forma personalizada, de acordo com a atuação e necessidade de cada empresa.
*Por Ingrid Stockler e Tatyanne Werneck