O Pantanal, em 2020, foi alvo de uma das maiores catástrofes de sua história, provocada pelo fogo. Entenda as causas e os impactos das queimadas no Pantanal.
É um bioma que é conhecido por ter a maior área úmida do mundo. É a maior planície alagada do planeta.
A região foi considerada pela Unesco como Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.
Ocupa a área média de 150.355 km², segundo dados do IBGE, o que equivale a 1,76% do território brasileiro. Desta área, apenas 4,6% é protegida em razão das unidades de conservação.
Seu relevo é formado por planícies de inundação, acompanhado de serras, morros e depressões rasas e possui uma imensa biodiversidade.
É cortada por vários rios, todos da Bacia do Rio Paraguai.
Sendo os principais rios:
Este bioma é encontrado em três países:
No Brasil, 35% dele pode ser encontrado no Mato Grosso e 65% no Mato Grosso do Sul.
Foi considerado, até 2018, o bioma mais preservado do país.
Sua grande biodiversidade abrange cerca de:
Nele, encontramos diversas comunidades tradicionais, importantes para formação e manutenção da cultura local e nacional, como:
E está relacionado diretamente com os biomas brasileiros:
Até dia 10 de outubro de 2020, foram identificados 20.926 focos de incêndio no Pantanal, desde janeiro. Estes iniciaram por volta do dia 21 de julho do mesmo ano.
Estima-se que, em 2020, mais de 4 milhões de hectares do Pantanal foram afetados pelas queimadas. O que equivale a mais de 26,23% do bioma, que possui 15.692.200 hectares do Brasil.
Segundo o LASA (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 2.215.000 hectares foram no Mato Grosso e 1.902.000, no Mato Grosso do Sul.
Cada hectare corresponde, mais ou menos, a área de um campo de futebol oficial!
2020 foi considerado o pior ano em relação às queimadas no Pantanal. Foi o ano em que detectou-se o maior número de focos de incêndio desde 1998.
Nunca se queimou tanto e por tanto tempo!
Este era o bioma mais preservado do Brasil até 2018, com cerca de 1,6% da área prejudicada. Porém, só em 2020, mais de 26,23% do Pantanal foi queimado.
Neste ano, Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só em 2020 as queimadas no Pantanal brasileiro aumentaram 210%, em relação a 2019.
Além disso, já foram detectados cerca de 20.550 pontos de calor e, dentre eles, 2.291 somente nos primeiros 13 dias de outubro.
Antes disso o maior número de focos registrados foi de 12.536, em 2005. Ou seja, 63,92% a menos que 2020.
Vários são os fatores que contribuíram para que o ocorrido tomasse proporções devastadoras, como por exemplo:
O Pantanal está intimamente relacionado a outros biomas. Principalmente a Amazônia e o Cerrado.
A Amazônia é uma das grandes responsáveis por trazer chuva ao Pantanal.
Ao ser desmatada, os períodos de chuva em outras áreas do país, inclusive no Pantanal, se encurtam e as secas são acentuadas.
Já o Cerrado é fonte das nascentes dos rios que cortam o Pantanal.
O desmatamento daquele bioma permite a poluição das águas com sedimentos e, por consequência, o assoreamento do Pantanal.
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Diversos motivos foram apontados como causadores das queimadas no Pantanal.
Porém, o principal, identificado pelos especialistas, foram as causas humanas (criminosas ou acidentais).
Por mais seco que esteja o clima no Pantanal, é preciso fogo para que as queimadas se iniciem.
O homem foi apontado como o principal causador dos incêndios neste bioma, sendo o responsável pelo desmatamento das áreas com o objetivo de formar pastagens.
O fogo é comumente utilizado para desmatar a terra, para adubar e preparar o solo, para assim, formarem os pastos.
O Instituto SOS Pantanal indicou que, em média, 15% do Pantanal passou por tal processo, convertendo-se em pastagem.
Por este motivo, o crescimento agronegócio foi apontado como “estopim” para o desmatamento do Pantanal.
Além disso, atualmente, diversas áreas do Pantanal foram convertidas em plantações de grãos, o que também tem contribuído com o desmatamento.
Conforme indicado pelo IBAMA, a maioria absoluta das queimas são causadas ilegalmente pelo homem.
O combate ao incêndio é dificultado pelo fato de muitas áreas do bioma serem de difícil acesso.
Outro fator, é que as características da vegetação dificultam a identificação do fogo.
Nos períodos de cheia, a biomassa vegetal permanece acumulada ali. Quando há fogo, a chama permeia substratos e queima por muitos dias embaixo da vegetação. Muitas vezes, o fogo é apagado, é feito rescaldo da parte superficial, mas lá embaixo ainda tem muito calor. E um tempo depois, nesse período da seca, o fogo pode reacender. Isso é um agravante em comparação a outros biomas
BBC
O fogo como prática regional, toma força juntamente com a ausência de fiscalização e punição das práticas ilícitas.
Apesar de leis protetivas do meio ambiente, em relação à proibição de queimadas, terem entrado em vigor recentemente, estas não foram um impeditivo do desmatamento.
As principais consequências das queimadas no Pantanal, são:
O maior impacto das queimadas é a perda da biodiversidade. Tendo em vista que a região é riquíssima em fauna e flora.
Os danos são causados pelo fogo e pelos impactos por ele causados e, atingem a vegetação, os animais, a população exposta e a economia.
A devastação prejudica o turismo ambiental, tendo em vista que o Pantanal é visitado pelo mundo inteiro, por possuir vasta biodiversidade.
A pesca, como meio de subsistência de espécies específicas da região, também foi prejudicada pelo fogo. Pois, a liberação de gases prejudica a qualidade da água.
As regiões que abrigam o Pantanal, foram encobertas por cinzas, o que pode acarretar problemas respiratórios graves.
Se os danos socioeconômicos já são enormes, os ambientais são inimagináveis.
Especialistas estimam que, a depender da intensidade do incêndio, a regeneração do Pantanal pode levar mais de 50 anos.
As áreas que passam por incêndios severos ou frequentes, perdem a sua fertilidade, na estrutura da sua vegetação, que servem de habitat para diversas espécies.
O fogo destrói as Áreas de Preservação Permanente, incluindo, por exemplo, nascentes e beiras de rios, o que prejudica o curso natural das águas.
Como tratamos anteriormente, além do dano à flora, os animais são extremamente afetados direta e indiretamente pelas queimadas.
O Pantanal, considerado o bioma mais preservado no Brasil até 2018, era o refúgio de inúmeras espécies.
“Há (no Pantanal) populações de animais de outras áreas do Brasil e, inclusive, dos considerados ameaçados. Até agora, as populações desses animais estavam se recuperando. As populações de animais que conseguiram sair da categoria de ameaçadas, hoje, podem estar comprometidas novamente por causa dos incêndios”, observou, citando a onça-pintada como exemplo de recuperação populacional atrativa do turismo no Pantanal. Vale lembrar que até a segunda quinzena de setembro, o fogo já havia destruído 85% do maior refúgio de onças-pintadas no mundo.
Correio Braziliense
Embora alguns animais escapem do dano direto do fogo, eles ainda precisam enfrentar a escassez de comida. “Isso impacta a longo prazo a interação que toda fauna tem com a flora e com o meio ambiente”, afirma.
Correio Braziliense
Esses animais não estão dispostos ao acaso, eles são territoriais. Uma onça ocupa em média uma área de 30 quilômetros, então, ela pode fugir do fogo, mas chegar em uma área que já é território de outro predador, ficando sem espaço suficiente para caçar e se alimentar”.
Correio Braziliense
O processo de regeneração do solo, a depender da quantidade e intensidade dos incêndios, pode ser “rápido”.
O que preocupa os especialistas, é a preservação da fauna e sua manutenção.
Como proteger espécies que estão expostas ao fogo, à possível futura escassez ou secas, à mudança na dinâmica do bioma dentre outras questões.
Caso esta situação se mantenha, enfrentaremos uma grande modificação do Pantanal.
O que nos acarretará grande perda social, econômica e ambiental.
Tendo em vista todas as causa e consequências apontadas anteriormente, a intervenção neste cenário se faz necessária imediatamente.
Especialistas afirmam que o Pantanal está vivendo o período de maior seca em 60 anos, mas não podem afirmar se permanente ou temporariamente.
O período de estiagem tem sido provocado pelo aumento das temperaturas do Oceano Atlântico Norte, devido ao aquecimento global, e pelas queimadas em outros biomas.
Fato é que as secas intensificam as queimadas. Portanto, devemos nos preparar para momentos críticos no bioma.
Para isso, é importante que Municípios, Estados e o Governo Federal intervenham de forma preventiva, punitiva, reparativa e adotem medidas efetivas para o combate ao fogo.
Tasso Azevedo, sugeriu, como forma de punição àqueles que utilizarem o fogo de forma ilegal, a aplicação de multas, num sistema parecido com os radares de trânsito:
Trata-se de utilizar o Cadastro Ambiental Rural (CAR) [2], criado a partir de 2012 com a aprovação do Novo Código Florestal (Lei 12.651/2012),e cruzá-los com os dados de monitoramento da cobertura florestal gerados por satélites, que identificam alertas de desmate e focos de calor.
Segundo Azevedo, o Brasil gerou no ano passado 150 mil alertas entre os três principais sistemas que operam: o Deter, do Inpe; o SAD, do Imazon, e o Glad, da Universidade de Maryland.
Se fosse utilizado o cruzamento informatizado, com os dados existentes, o governo conseguiria saber em qual propriedade aconteceu o desmatamento e o foco de queimada.
Mais ainda, saberia se isto aconteceu em área de Reserva Legal (RL) e Área de Preservação Permanente (APP) e, portanto, se configura ação ilegal, dado que estas áreas não podem ser desmatadas.
No caso das queimadas, saberia se a ação foi legal ou não, já que em poucos casos a legislação permite o emprego do fogo com base na “queima controlada”.
Amazônia.org
É sabido que as cinzas, provenientes da queimadas, podem trazer certos benefícios ao solos a curto prazo. Pois, são fontes de muitos nutrientes.
Porém, estes nutrientes ficam disponíveis nos solos por apenas 3 anos após a queima.
Portanto, sugere-se que seja aplicada a “rotação de culturas“.
Prática que devolve ao solo, quando possível, nutrientes perdidos com as queimadas. Por exemplo, a matéria orgânica.
É essencial que os governos disponibilizem aviões e equipes para o combate ao fogo.
Outra técnica utilizada é o combate ao fogo com fogo, chamada Queima de Expansão.
Segundo esta técnica, bombeiros/brigadistas ateariam fogo de intensidade baixa em regiões planejadas em que o fogo ainda não atingiu a vegetação.
Dessa forma, quando o fogo alto da queimada chegar, não encontrará vegetação para queimar, pois esta já fora consumida pelo fogo menor. Assim, o fogo maior se extinguirá.
Esta prática é programada e ocorre, normalmente, em períodos de menor temperatura, menos vento e maior humidade.
Tem como objetivo, a redução dos incêndios, diminuindo a quantidade de de material vegetal combustível nos ecossistemas.
A vantagem da Queima de Expansão é que o fogo baixo não tem o mesmo impacto sob o solo como o fogo alto.
Não são muitas as normas que tratam sobre as queimadas em si. Normalmente versam sobre fazendas ou terrenos controlados pela agropecuária.
Nestes casos, os donos devem solicitar autorização ambiental para realização da atividade.
Nesta autorização, constam quais áreas podem ser queimadas e qual a intensidade.
Além disso, há varias áreas que mesmo dentro de fazendas, não podem ser queimadas de forma alguma, como as Unidades de Conservação ou APPs.
Foi constatado que as queimadas no Pantanal tiveram início em grandes fazendas que, provavelmente, não teriam autorização para queimadas deste porte.
Segundo o IBAMA, em média 90% das queimadas são ilegais.
A prática de queimadas sem autorização, em áreas de APP ou Unidades de Conservação é considerada crime ambiental, com penas civis, penais e administrativas.
*Por Júlia Balsamão e Tatyanne Werneck
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